Responsabilidade Social Empresarial ou Sustentabilidade Corporativa?
Por Julianna Antunes
02/07/2009
Em moda no mundo empresarial, os termos sustentabilidade e
desenvolvimento sustentável muitas vezes causam confusão. Afinal, existe
diferença entre sustentabilidade corporativa e responsabilidade social?
Desenvolvimento sustentável diz respeito apenas ao meio ambiente ou
engloba o badalado triple bottom line?
Mais do que a preocupação com os termos ou jargões utilizados, o que
interessa para profissionais da área é a forma como as empresas encaram
a importância do equilíbrio entre lucro, meio ambiente e sociedade. Se
pararmos para pensar, o que começou como mera filantropia, aos poucos
foi ganhando volume e importância, chegando, com a hoje chamada
sustentabilidade corporativa, a níveis estratégicos dentro das
corporações.
Nas décadas de 70 e 80, por exemplo, a preocupação da sociedade era com
o derramamento de óleo, a indústria baleeira e a guerra contra o
tabagismo. A década de 90 concentrou a preocupação com a indústria da
pesca, a silvicultura, a indústria química e a igualdade no terceiro
mundo. Já o século XXI carrega o peso da responsabilidade das emissões
de carbono, do aquecimento global, da escassez de recursos naturais e da
desigualdade social em todo o mundo.
E não foi apenas a preocupação da sociedade que foi mudando ou se
tornando mais complexa ao longo dos anos. A pressão exercida pelos mais
diversos stakeholders acabou por criar novos desafios para as empresas,
fazendo com que estas se direcionassem a uma melhor forma de gestão do
risco, das pessoas e do próprio negócio.
É justamente a melhor gestão do negócio a principal característica da
sustentabilidade corporativa nos dias de hoje. Enquanto que anos atrás a
área era gerida de forma isolada, vista como custo e tinha os desafios
focados em engajamento interno, reputação e relações públicas, hoje a
área é estratégica, integrada aos processos e vista como oportunidade.
Mesmo que ainda haja empresas mais preocupadas com o retorno de
marketing proporcionado pela sustentabilidade, há diversas outras que
não apenas adotam o conceito, como cobram de sua cadeia produtiva a
mesma postura. Um exemplo bem recente é a exigência feita pela gigante
de artigos esportivos Adidas à Bertin, uma das maiores empresas
brasileiras de agronegócio, de que o couro fornecido não provenha da
criação de gado em áreas de desmatamento. A atitude foi uma resposta ao
relatório divulgado pelo Greenpeace, que aponta a indústria pecuária na
Amazônia brasileira como a maior fonte de desmatamento no mundo.
A questão é que não importa se chamam de responsabilidade social ou
sustentabilidade corporativa, se existe uma área específica dentro da
empresa ou o profissional está alocado em RH, comunicação, ou mesmo
marketing. O que importa é que para estar alinhado às mais modernas
práticas de gestão, o conceito deve estar presente no planejamento
estratégico e os profissionais orientados para resultados, atentos às
oportunidades de negócio e lucro (sustentável, é claro).
E também não podemos nos esquecer da mudança cultural que a
sustentabilidade proporciona a uma empresa. Ela só funciona efetivamente
se estiver presente na filosofia da organização, nos valores dos
funcionários e em toda cadeia produtiva, de ponta a ponta, até o
consumidor final. Sem contar que não deve ser encarada de forma reativa,
mas sim como transformadora, permitindo que as empresas melhorem seus
processos, gerando economia, eficiência, valor de marca e reputação.
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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www.agenciadesustentabilidade.com.br - Blog:
www.sustentabilidadecorporativa.com - Twitter: @sustentabilizar
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