Sementes da Razão
Por Ivan Postigo
15/01/2010
É impossível falar em sustentabilidade sem sustento. Comprometimento sem
responsabilidade.
O povo que passa dificuldades e fome procura eliminá-las antes de se
preocupar com o meio ambiente.
Estaria a perpetuação do planeta garantida sem o homem?
Não adianta ser poético e estar engajado em programas de salvação do
planeta sem produzir e, também, produzir sem consciência ecológica.
O consumo gera lixo e entulho que precisa ser retirado, tratado e
reciclado. Essas operações não ocorrem de forma graciosa.
Tivéssemos que usar nossos veículos para transportar nosso lixo diário
para algum ponto na cidade, certamente haveria muita sujeira espalhada
pelas ruas. Todos fariam sua parte?Duvido!
Isso não ocorre porque há investimentos e pagamos taxas para a operação.
O produto que poluiu também emprega e traz conforto. Nesse ponto residem
as dificuldades para ordem nas cidades, mas também monta a equação.
A energia atômica que amedronta é a mesma que combate o câncer. O lixo
radioativo contamina o planeta, mas na sua origem gerou energia que
beneficiou empresas, pessoas e lares.
O mesmo progresso que coloca nosso mundo em risco é o único que pode
gerar recursos para salvá-lo.
Produtos não poluentes, tratamento de água e esgotos, reciclagem e
aproveitamento de materiais demandam investimentos em capital
intelectual.
Não são os minérios escavados nas montanhas que produzirão equipamentos
miraculosos, mas a inventividade escavada nas mentes geniais de seres
humanos privilegiados pela natureza que permite tratar questões
complexas com engenhosidade.
O compromisso do homem é descobri-los, prepará-los, conscientizá-los e
apoiá-los para que encontrem soluções para os modernos antigos
problemas: a existência com sustentação.
Uma leitura despreocupada pode nos levar a crer que o homem é o único
responsável pelo risco que o planeta pode oferecer às espécies.
A terra tem 4,6 bilhões de anos. A vida está presente há 3,5 bilhões de
anos. Esta já se apresentou de incontáveis formas.
Um estudo da Universidade do Kansas e do Instituto Smithsonian, ambos
nos Estados Unidos, afirma que eventos de extinção em massa ocorrem no
nosso planeta a cada 27 milhões de anos.
A pesquisa investigou os chamados "eventos de extinção" do nosso planeta
nos últimos 500 milhões de anos - um período duas vezes maior que
qualquer estudo anterior - e afirma ter provado que eles ocorrem com a
regularidade de um metrônomo. Segundo a reportagem, os pesquisadores
dizem estar 99% certos de que esses eventos ocorrem a cada 27 milhões de
anos.
O homem surgiu há 3 milhões de anos, portanto há muitas questões que
precisam ser investigadas e entendidas e que não foram por este
provocadas.
Podemos então ficar despreocupados? Evidentemente que não, o modelo de
produção e sustentação das vidas humanas tem acelerado os problemas
ambientais. A questão não fica restrita ao que deixaremos às gerações
futuras, mas o que as gerações presentes terão que enfrentar.
As sementes da razão fazem com que brotem nas nossas mentes as árvores
da consciência que nos levam a questionar não apenas o que somos, para
que viemos e para onde vamos, mas principalmente o que estamos fazendo.
Sem essa atitude a inexistência será a marca de gerações preocupadas com
a existência.
Enquanto isso nos cabe a responsabilidade da sustentabilidade do
progresso para alcançarmos o progresso da sustentabilidade.
Ivan Postigo é Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em
controladoria pela USP. Autor do livro: Por que não? Técnicas para
estruturação de carreira na área de vendas e diretor da Postigo
Consultoria de Gestão Empresarial - Fones (11) 4526 1197 / ( 11 ) 9645
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