O Surgimento do Conceito de desenvolvimento sustentável e a
sustentabilidade corporativa
Por Julianna Antunes
20/02/2011
Muita gente se pergunta como surgiu a sustentabilidade, a
responsabilidade social e a responsabilidade ambiental dentro das
empresas. A filantropia, o começo de tudo, é secular. Mais para década
de 70 e 80 as empresas começaram a pensar em ações para mitigar impactos
ambientais e sociais e iniciou-se então o que conhecemos hoje por
responsabilidade social corporativa.
Nos últimos 10 anos a forma das organizações trabalharem as questões
socioambientais mudou. É claro que estou falando de um panorama geral e
no Brasil isso ainda está muito longe de ser efetivamente praticado. Mas
o fato das organizações enxergarem oportunidades nesse meio fez com que
a responsabilidade social se transformasse em sustentabilidade e
entrasse no discurso e no planejamento estratégico das empresas.
Já escrevi aqui sobre a diferença entre responsabilidade social e
sustentabilidade. Além das diferenças, a sustentabilidade corporativa
está atrelada ao conceito de desenvolvimento sustentável lançado para o
mundo no final dos anos 80, a partir de debates promovidos pela ONU no
início da década. Na ocasião, a então primeira-ministra da Noruega, Gro
Harlem Brundtland, foi nomeada chefe da Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento.
O objetivo da comissão, um grupo autônomo, era avaliar as questões de
meio ambiente e desenvolvimento do planeta, formulando propostas
realistas como solução aos problemas encontrados, assegurando que o
progresso da humanidade acontecesse sem que a natureza entrasse em
colapso. Esses debates acabaram, então, por gerar o famoso Relatório
Brundtland ou Our Common Future.
O relatório, apresentado ao mundo em 1987, apontou a incompatibilidade
entre o desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo
vigentes na época. O seu conteúdo já trazia um tom de alerta para que os
governantes assumissem a responsabilidade pelos impactos ambientais e as
decisões políticas que os originavam. Reparem: há mais de 20 anos já se
falavam da irresponsabilidade de produção e consumo.
Citado pela primeira vez no Relatório de Brundtland, o termo
desenvolvimento sustentável foi denominado como “a satisfação das
necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de suprir suas próprias necessidades”. Ainda segundo o
relatório, uma série de medidas deveria ser tomada pelos países para a
promoção do desenvolvimento sustentável, entre eles:
- Limitação do crescimento populacional;
- Garantia de recursos básicos em longo prazo (água, energia,
alimentos);
- Atendimento das necessidades básicas;
- Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
- Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades
menores.
Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável transformou-se em
referência para diversas causas sociais e ambientais em todo o mundo,
transcendendo sua amplitude política e governamental, atingindo o mundo
corporativo. Tendo como foco as premissas do desenvolvimento
sustentável, diversas empresas, hoje, utilizam o badalado triple bottom
line para condução de seus negócios.
Além da conhecida base econômica, social e ambiental, os pilares da
cultura e da política também estão inseridos no conceito de
sustentabilidade corporativa. A ampliação do tripé tornou-se
fundamental, uma vez que, em maior ou menor grau, novos fatores acabam
por impactar a cadeia de valores das empresas, independente da área de
atuação ou da natureza dos produtos.
Apesar de ainda não ser muito discutida, a importância da política e da
cultura para a sustentabilidade é evidente. Quando se fala do aspecto
político, estamos falamos da coerência entre o que é esperado e a
prática adotada por uma organização, uma determinada sociedade ou mesmo
um governo. É meio que a prática alinhada ao discurso. Uma empresa não é
sustentável se adota uma política inflexível de negociação com os
funcionários ou não acompanha a legislação ambiental vigente, por
exemplo.
Já o aspecto cultural se refere a que tipo de sociedade a empresa está
inserida, o comportamento, as limitações e suas peculiaridades. Com a
globalização, as organizações multinacionais se proliferaram e estão em
todos os lugares do mundo. Respeitar as diferenças e características
locais é vista como vantagem competitiva e pode, dependendo do caso, até
significar a sobrevivência em mercados regionais.
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
sustentabilidade@sustentabilidadecorporativa.com -
www.agenciadesustentabilidade.com.br - Blog:
www.sustentabilidadecorporativa.com - Twitter: @sustentabilizar
Artigo Licenciado sobre uma licença Creative Commons - Atribuição - Uso
Não-Comercial - Não a obras derivadas 3.0 Unported License