A Sustentabilidade como um modelo de gestão esportiva
Por Julianna Antunes
15/12/2010
Movimentando, anualmente, cerca de US$ 1 trilhão, o esporte é uma das
indústrias mais lucrativas do planeta. Patrocínios, agenciamento de
atletas, marketing esportivo, clubes, eventos, licenciamento de
produtos, direito de transmissão... A cadeia produtiva é imensa e o seu
crescimento atinge a casa dos dois dígitos.
De dois em dois anos alguma cidade ou país é sede de dos dois maiores
eventos da Terra: Copa do Mundo e Olimpíadas. Com audiência que bate os
três bilhões de espectadores, esses mega eventos são um bom negócio para
todos: as entidades que os promovem, os países/cidades que os recebem, a
população que usufrui do legado e diversas empresas que trabalham para
que tudo aconteça da melhor forma possível.
Fica muito mais claro pensar na sustentabilidade esportiva quando se tem
um evento a ser realizado. Construção sustentável, estímulo ao uso de
transporte público, envolvimento de comunidades locais na realização do
evento... Mas sustentabilidade esportiva é mais do que isso. Quando se
trata de clubes ou confederações, o passo a passo da sustentabilidade é
o mesmo a ser adotado por uma empresa: análise de maturidade, adequação
dos processos, mapeamento e gestão de stakeholders, treinamento, change
management, etc.
E se olharmos para a situação dos clubes brasileiros, principalmente os
de futebol, fica ainda mais clara a importância da sustentabilidade para
o esporte no país. Com dívidas milionárias e problemas gravíssimos de
gestão e política, a maioria se encontra bastante atrasada em relação
aos clubes europeus e ao modelo de gestão esportiva norte americano.
É claro que sanear dívidas e buscar o equilíbrio financeiro é o primeiro
passo para a sustentabilidade. Mas como ir além? Apesar de possibilitar
retornos dos mais diversos tipos, um dos principais ganhos ao se optar
pela sustentabilidade é a reputação. No caso dos clubes e das entidades
esportivas, eles têm uma grande vantagem em poder usar a imagem do
atleta na divulgação das suas ações e na disseminação da cultura da
sustentabilidade.
Além da reputação, há, também, o fato de que a adoção da
sustentabilidade abre um leque maior de potenciais patrocinadores. Neste
caso, falo não apenas das empresas que querem ter sua imagem associada a
um clube que trabalha com a sustentabilidade, mas também porque ele
passa a ser sinônimo de administração austera e menor risco.
Sabemos que em menos de seis anos o país terá de provar que mesmo tendo
muitos investimentos em infraestrutura a se fazer, ele será capaz de
realizar eventos memoráveis e sustentáveis. E que junto com o lucro, com
o aumento do fluxo de turistas, com maior segurança, com a melhoria da
qualidade dos transportes públicos, não há dúvida que esses eventos
terão de gerar desenvolvimento social e consciência ambiental.
Mas mesmo com toda a responsabilidade dos próximos anos, o grande
desafio do esporte hoje tem a ver com gestão. E a questão fica ainda
mais evidenciada quando temos um modelo de formação de talentos que
passa pelos clubes e a meta ambiciosa do Ministério do Esporte de
transformar o país em uma potência olímpica.
E para isso acontecer, mais do que sediar Jogos Olímpicos e Copa do
Mundo, muitos bons exemplos de gestão esportiva terão de aparecer em
pouco tempo. E aí entra a sustentabilidade, que permite aos gestores o
alcance de eficiência operacional, alinhada ao equilíbrio entre
responsabilidades financeira e ambiental e desenvolvimento social
através do esporte.
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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