A Sustentabilidade e o Problema do Lixo
Por Julianna Antunes
09/03/2011
Constitucionalmente falando, o lixo no Brasil é de responsabilidade das
prefeituras, que oferece um serviço próprio, como o caso da Comlurb no
Rio de Janeiro, ou contrata terceiros através de licitação. E isso é um
problema, pois muitas vezes isso vira instrumento de barganha política,
sendo alvo de corrupção descarada. Sabiam que o atual chefe da Casa
Civil, quando prefeito de Ribeirão Preto, foi investigado por problemas
na contratação de empresas para fazerem a coleta de lixo da cidade?
Na verdade o objetivo não é falar de questões políticas, mas uma notícia
nos jornais de hoje que me causou espanto: a quantidade de lixo gerado
no Carnaval. Segundo informação da Comlurb, no carnaval do Rio, apenas
na Marquês de Sapucaí, a quantidade de lixo removido em quatro dias
passou das 400 toneladas. Isso sem contar nas ruas repletas de blocos e
de gente mal educada.
Acontece que lixo é um lixo. Segundo a Associação Brasileira de Empresas
de Limpeza Urbana (ABRELPE), em dados referentes a 2008, 45% do lixo
coletado no país vão parar em aterros controlados ou lixões. Isto
equivale dizer que, diariamente, mais de 100 mil toneladas de lixo não
recebem tratamento minimamente adequado.
O custo dessa gestão é altíssimo. Para se ter ideia, a manutenção de um
aterro sanitário pode chegar a 300 mil reais por dia. No Rio de Janeiro,
o investimento anual chega a 850 milhões de reais. Em São Paulo passa de
um bilhão. E esse valor poderia ser mais baixo se não fosse uma única
questão: a postura das pessoas. Na cidade do Rio de Janeiro, por
exemplo, 37% do que é coletado pela Comlurb, é lixo retirado das ruas.
Segundo a empresa, esse tipo de coleta custa três vezes mais do que as
coletas de porta em porta.
O grande problema é que a maior parte da população brasileira não tem
iniciativa para a sustentabilidade. Vai de um mero jogar papel na rua
até a falta conhecimento sobre como lidar com o lixo doméstico, passando
pela falta cultura de preservação do meio ambiente e, muitas vezes, pela
simples falta vontade de se fazer o que é certo. Assim, juntando à
escassez de projetos da iniciativa pública voltados para a coleta
seletiva, é possível imaginar o tamanho da dor de cabeça que isso causa.
O irônico da história, ao menos em minha visão pragmática da vida, é que
esse um problema relativamente simples de ser resolvido. Educação.
Daquelas bem básicas. E isso independe de classe social, cor ou credo.
Rico e pobre, branco ou preto, católico, evangélico, macumbeiro ou ateu.
A prática do desenvolvimento sustentável em muito tem início em uma
família que ensina cidadania, direito, deveres e respeito a suas
crianças.
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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