Tecnologia, sustentabilidade e as Micro e Pequenas Empresas – como
sobreviver aos novos tempos
Por Sandra Turchi
08/01/2011
Quando pensamos na associação da tecnologia com sustentabilidade, logo
nos vêm à mente as inúmeras novidades que aliam aparatos tecnológicos ao
meio ambiente, são aparelhos como carregadores de bateria movidos a
energia solar, relógios a água, dispositivos que controlam
automaticamente a quantidade de água sendo consumida em cada equipamento
na casa, entre outros.
Devemos obviamente nos interessar sobre como certas tecnologias
sustentáveis poderão trazer redução de custos, além de permitir
preservar o meio ambiente, como no caso de softwares para gerenciamento
de recursos naturais, de inovações na construção civil ou no
agronegócio.
Porém a discussão deve levar em conta muito mais do que apenas esses
lançamentos inovadores, deve considerar a questão da ética e da
transparência nas relações entre as empresas e seus diferentes públicos,
sejam consumidores, fornecedores, funcionários, governo e parceiros,
públicos estes que cada vez mais estão interessados em saber o que sua
empresa está fazendo ou planeja fazer a respeito de questões como essas.
Com a facilidade de acesso que todos possuem atualmente, fica clara a
vulnerabilidade a que as empresas estão submetidas, pois suas políticas
estão muito mais expostas, assim como a (in) satisfação dos seus
clientes, ou mesmo da sua própria equipe, tudo isso pode ser facilmente
transportado para sites ou blogs e, instantaneamente, ser acessado e
disseminado na rede. Até mesmo uma falha no processo de produção que
ocasione algum prejuízo à sociedade, ou o pronunciamento do presidente
da sua empresa, de forma inadequada a respeito de temas sensíveis, podem
ser filmadas e rapidamente transmitidas, em forma de viral, e impactar a
companhia por meses a fio.
Por que então ainda vemos tantas empresas que não procuram entender esse
novo momento? E não se preocupam em saber como atuar de outra forma,
visto que isso claramente impactará sua sustentabilidade ao longo do
tempo? O tratamento que questões como essas terão e como será difundido
pelas companhias é o que alimentará sua permanência ou não no mercado
nos próximos anos.
A mudança que se tem observado é que a preocupação com a
sustentabilidade tem crescido substancialmente ao passo que as empresas
entendem seu impacto nos resultados financeiros, e esse tem sido o
caminho mais rápido para fazer os micro e pequenos empresários
perceberem a necessidade de iniciar ou fortalecer projetos dessa
natureza.
Ou seja, o foco não tem início na preservação do meio ambiente ou algo
similar, e sim, na questão da sustentabilidade financeira da própria
empresa. Quando os empresários passam a entender que as inovações
tecnológicas podem gerar economia de recursos, bem como benefícios à
imagem, que impactarão de forma positiva seus resultados, aí sim eles
passam a dar maior prioridade ao tema.
Isso não é uma crítica, mas apenas uma constatação que precisa ser
compreendida, pois quanto menor for o tamanho da empresa, menor é também
sua estrutura, e, portanto, menos tempo o empresário terá para procurar
soluções inovadoras ou para se preocupar com a sustentabilidade do
planeta, pois ele primeiro tem que fazer com que sua empresa seja
auto-sustentável.
Sendo assim, a missão de levar maior conscientização e soluções práticas
recai sobre as instituições que agregam esses empresários, para
auxiliá-los na árdua tarefa de tornar suas empresas não apenas viáveis
como também socialmente responsáveis.
Sandra Turchi é graduada pela FEA-USP, pós-graduada pela FGV-EAESP e MBA
pela Business School São Paulo com especialização pela Toronto
University e em empreendedorismo pelo Babson College em Boston.É
superintendente de Marketing da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)
instituição que administra o SCPC (Serviço Central de Proteção ao
Crédito). Site: www.sandraturchi.com.br - Twitter:
http://twitter.com/SandraTurchi