Traduzindo Jargões para a Sustentabilidade: A Logística Reversa
Por Julianna Antunes
24/10/2009
Conforme já falei aqui, supply chain é um dos processos de negócio mais
importantes para a sustentabilidade nas empresas. Particularmente é uma
das minhas áreas favoritas, justamente porque é onde mais se pode
trabalhar o conceito. Além de aplicar o LCA (Life Cycle Assessment),
redesenhar rotas, rastrear a pegada de carbono e várias outras medidas,
uma das principais ações possíveis é a chamada logística reversa.
A logística reversa é um processo que cuida do fluxo de produtos,
embalagens, ou qualquer outro tipo de material, desde o local de consumo
até o ponto de origem. Ou seja, o inverso da logística corrente. Ela
coloca o fabricante como responsável ciclo de vida de um produto, já que
estes são depreciados com o tempo, param de funcionar, ou simplesmente
ficam obsoletos.
Nos dias de hoje a logística reversa ganha ainda mais importância,
principalmente porque estamos diante de um dos maiores problemas das
cidades, sejam elas grandes, médias ou pequenas: lixo. Sem ter onde
descartar ou dar destino correto aos resíduos e insumos gerado pelo
crescente consumo, países desenvolvidos vêm impondo cada vez mais
medidas restritivas para que as empresas sejam responsabilizadas por
todo ciclo de vida de seus produtos.
Há alguns anos a Europa criou uma diretiva chamada WEEE (Waste
Electrical and Electronic Equipment), que tem como base o princípio do
poluidor-pagador. Em vigor desde 2005, a diretiva impõe que produtores e
importadores de eletroeletrônicos arquem com custos de coleta seletiva,
transporte, tratamento e reciclagem depois dos produtos serem
descartados. O mais interessante dessa diretiva é que, por mais que seja
restrita à Europa, ela impacta qualquer empresa que queira comercializar
no continente.
Com essa responsabilidade em mãos, até como forma de diminuir custo, as
empresas procuram reaproveitar o máximo dos produtos, insumos e resíduos
coletados. Assim, a reciclagem ganha status de protagonista em um
processo fundamental para o desenvolvimento sustentável do planeta. No
caso da reciclagem de eletrônicos, o processo é ainda mais vital, já que
as substâncias químicas utilizadas na fabricação dos equipamentos são
muito prejudiciais ao meio ambiente. No entanto, o custo é altíssimo e
se for responsabilidade unicamente dos fabricantes, pode inviabilizar a
produção.
Em alguns países europeus, a conta da reciclagem do chamado e-waste é
dividida com o consumidor, que paga uma taxa adicional para a realização
do serviço. Inclusive, o valor é discriminado em nota fiscal. Mas aí
pensemos em uma medida como essa na realidade brasileira, onde somos
massacrados por uma carga tributária imoral. Como aplicar esse processo
de forma que o consumidor não seja ainda mais onerado?
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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