Um Tributo à Miséria
Por Ivan Postigo
23/01/2011
Quem, quando estudou história nas primeiras séries escolares, não ouviu
falar da derrama. Situação em que o ouro brasileiro era levado para fora
do país para sustentar uma elite?
Qual a diferença daquele estado de espoliação do país para o que vivemos
agora?
Talvez a revolta e indignação de algumas pessoas. Neste momento nem isso
vemos .
Será que nós brasileiros mudamos tanto e deixamos de acreditar que
podemos construir uma nação forte, independente, capaz de ser
competitiva mundialmente?
A quem interessa manter a taxa de juros nesses níveis absurdos que só
traz aproveitadores ao país?
Ah, sim, para manter uma política de combate à inflação!
Arrebentando com as empresas, com a classe empresarial, vamos combater à
inflação.
Nós estamos num total estado de desorganização que sequer sabemos quanto
crescemos.
Chegamos a um estado de apatia que para muitos pouco importa quem será o
novo presidente.
O voto nesta próxima eleição será dado não pela escolha, mas ainda pela
rejeição.
Fossemos condenados a vagar pelo deserto quarenta anos, para que alguma
coisa aprendêssemos sobre a construção de uma nação, fico imaginando a
estado que o deixaríamos.
Quem somos nós, porque tão pouco amor a uma terra que pode nos dar tudo,
por que esse desinteresse e falta de compromisso com o futuro?
Não faltam discursos sobre a apatia dos jovens, o envolvimento com
drogas, bebidas, mas neste contexto, que exemplos estamos dando?
Quando nossos filhos olham para nós será que nos têm como exemplos?
Como bravos lutadores buscando construir, para nós e para eles, um mundo
melhor?
Vivemos dizendo que a classe menos favorecida é carente de instrução e
informação por isso não protesta, mas e a mais favorecida?
Esta não protesta por comodismo e é atingida pelo assaltante no
semáforo, no caixa eletrônica, nas ruas e em seus aposentos.
Um dia perguntava um amigo: “O que tem a ver o assaltante com a taxa de
juros?”.
O assalto é o encargo pago para sustentar todo tipo miséria, desde a
financeira até a dependência química.
Toda espoliação neste país tem uma sigla, então vamos chamá-la: ISM.
Imposto para Sustentar a Miséria.
Ah, caso já exista algum com essa sigla, nunca se sabe, desculpem e me
avisem, eu crio outra.
Como tudo evolui neste mundo globalizado, os juros que pagamos estão
compostos da taxa paga aos especuladores e da taxa paga aos miseráveis.
O ISM.
Lembro, há pouco tempo, alguns policiais haviam prendido um assaltante
nas primeiras horas da manhã e este dizia: “A gente levanta cedo para
trabalhar e apanha da polícia“.
Chegamos a um ponto tal que assalto virou trabalho.
Sonho com o dia em que este país, unido, fará um minuto de silêncio, um
silêncio tão aterrador que poderá ser ouvido.
Um minuto para uma profunda reflexão e mudança de atitude. Um minuto
revelador e transformador.
Ao ler este artigo algumas pessoas próximas me provocarão dizendo: -
Você estava irritado quando estava escrevendo, não?
Nessas horas, em silêncio, penso:
“Haverá sempre dois momentos para você se lembrar desta minha irritação:
Agora que você acabou de ler o artigo e, infelizmente, no próximo
assalto”.
Sim, sempre haverá o próximo assalto.
Enquanto isso incentivou a especulação, mantemos as altas taxas de
juros, criamos mais taxas e impostos, forçamos a classe empresarial a se
tornar fora-da-lei, estampamos seu rosto nas revistas de todo o país,
fazendo chacota de seu constrangimento.
Quem está fazendo isso conosco?
Nós mesmos.
Renato Russo, agora num plano superior, será que já tem a resposta: Que
país é este?
Ivan Postigo é Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em
controladoria pela USP. Autor do livro: Por que não? Técnicas para
estruturação de carreira na área de vendas e diretor da Postigo
Consultoria de Gestão Empresarial - Fones (11) 4526 1197 / ( 11 ) 9645
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